Ao refletir sobre essa transformação no universo das marcas, percebo que estamos vivenciando uma ressignificação do próprio ato de consumir.A tendência crescente no mundo do marketing e do consumo, onde as marcas buscam ir além da simples venda de produtos e focam na criação de experiencias memoráveis. Como o novo motor do desejo, impulsionando as marcas a transcenderem a mera oferta de produtos e a se tornarem criadoras de momentos memoráveis. Esse novo além ilustram uma forte tendência no marketing atual, onde as marcas estão focando na criação de experiências memoráveis para os consumidores, indo além da simples venda de produtos. Essa estratégia busca envolver o público de forma mais sensorial e emocional através de espaços físicos temáticos e eventos. Em um mundo digitalizado, essas experiências presenciais oferecem uma oportunidade para conexões mais autênticas e para a construção de um senso de comunidade em torno da marca. Além disso, há uma clara integração entre o físico e o digital, com as experiências sendo projetadas para serem compartilhadas online, expandindo o alcance da marca. Essa valorização da vivência em si redefine o conceito de luxo, que passa a estar ligado à singularidade e à irreplicabilidade dessas experiências oferecidas por marcas como Skims, Lacoste e Tiffany em diversos formatos.



A saturação do ambiente digital, outrora visto como o futuro inexorável do comércio, paradoxalmente impulsionou a valorização do tangível, do presencial. Em um mundo onde a compra online se tornou um processo fluido e, por vezes, impessoal, as marcas astutezmente identificaram uma lacuna: a necessidade humana de conexão, de vivenciar algo que vá além do clique e da tela.
O exemplo da Skims, ao transformar um diner clássico em um espaço temático, demonstra essa sacada estratégica. Conforme apontado em um artigo da Forbes sobre o marketing experiencial, “os consumidores de hoje buscam mais do que apenas produtos; eles querem experiências que enriqueçam suas vidas e criem memórias duradouras”. A Skims não vende apenas roupas íntimas ou modeladores; ela vende um estilo de vida, uma estética, e materializa isso em um ambiente onde os consumidores podem se sentir parte desse universo, mesmo que momentaneamente, saboreando um milkshake com a marca estampada.



Essa busca por experiências autênticas e compartilháveis ressoa com o conceito de “economia da experiência”, cunhado por Pine e Gilmore. Eles argumentam que as empresas bem-sucedidas são aquelas que conseguem orquestrar eventos memoráveis para seus clientes, transformando bens e serviços em vivências únicas. A Lacoste, com seu café que evoca a atmosfera parisiense, e a Tiffany, com seu espaço que nos transporta para o glamour de um clássico do cinema, são exemplos claros dessa orquestração. Elas não vendem apenas roupas esportivas elegantes ou joias sofisticadas; vendem a imersão em um imaginário, um sentimento de pertencimento a uma história.
A própria natureza efêmera e a exclusividade dessas experiências, como as reservas disputadíssimas para o café da Tiffany mencionadas em uma das legendas, intensificam o desejo. Conforme um estudo publicado no Journal of Consumer Research, a escassez percebida aumenta o valor atribuído a um item ou experiência. Ao limitar o acesso e criar um senso de urgência, as marcas não apenas geram demanda, mas também conferem um status especial àqueles que conseguem vivenciar o momento.
Além disso, a convergência entre a experiência física e o conteúdo digital é inegável. Como bem pontua uma das legendas, “afinal, a experiência se estende quando vira conteúdo”.



Os momentos vividos nesses espaços temáticos e instagramáveis são compartilhados nas redes sociais, gerando um marketing orgânico poderoso e expandindo o alcance da marca para além dos muros físicos. Essa simbiose entre o real e o virtual cria um ciclo de engajamento contínuo, onde a experiência alimenta o conteúdo e o conteúdo atrai mais pessoas para a experiência.
Em minha perspectiva, essa tendência não é apenas uma moda passageira, mas uma evolução natural do consumo em uma sociedade cada vez mais digitalizada e ávida por conexões genuínas. As marcas que souberem orquestrar essas experiências de forma autêntica e significativa não apenas sobreviverão, mas prosperarão nessa nova era, onde vender um produto é apenas o ponto de partida para a criação de um relacionamento duradouro e memorável com o consumidor. A chave reside em transformar a transação em uma história que valha a pena ser vivida e compartilhada.