Um Mundo construído por Palavras

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O Que Vemos ou o Que Nos Contam?

Como fotógrafo, enxergo fragmentos do tempo — pequenos recortes da realidade que muitas vezes passam despercebidos. Enquanto o mundo corre, apressado, eu aprendi a observar com calma. Vejo miniaturas do momento, sutilezas escondidas nos gestos, nos olhares, nas sombras que dançam discretas sobre as superfícies. Capto o que escapa aos olhos comuns: um reflexo, uma dobra de luz, uma expressão que dura menos que um segundo e palavras… Ah, as palavras.Tão leves na boca tão pesadas no silencio.Como sabem esconder o mundo que carregam. A fotografia me ensinou a viver com atenção. Sou do mundo do filme da alquimia, ver não só o que está diante de mim, mas o que se esconde nas entrelinhas do instante. Porque, no fundo, fotografar é isso: revelar o invisível do visível e aprendes com isso.

Vivemos em um tempo em que a informação circula em velocidade nunca antes vista. Sabemos, ou acreditamos saber, o que está acontecendo na Ucrânia, nos mercados americanos, nos protestos na Venezuela ou até mesmo em uma cidade vizinha. Mas a pergunta que não cala é: estamos realmente vendo o mundo, ou apenas aceitando o que nos contam sobre ele?

A nossa percepção da realidade, na maioria das vezes, não vem de experiências diretas. Vem do que nos é mostrado — por plataformas, por telas, por algoritmos. Poucos de nós estiveram presencialmente em Kiev, Caracas ou Wall Street ou em decisões pelos corredores do mundo. No entanto, sentimos que sabemos o que acontece ali, porque fomos informados por redes sociais, portais de notícia, aplicativos e vídeos virais. Mas há um risco embutido nesse conforto da informação entregue: o risco da manipulação.

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Hoje, grande parte do que consumimos em termos de informação passa pelas mãos — ou pelos algoritmos — de grandes empresas de tecnologia. Google, Meta, TikTok, X, Amazon e tantas outras controlam não só o fluxo, mas também o filtro da informação. Elas decidem o que aparece na sua tela e o que permanece invisível.Isso é poder. E muito.
É o poder de definir agendas, de construir narrativas, de silenciar vozes ou amplificar outras. Em um cenário de polarização política e social, essa capacidade não é neutra. Mesmo que não haja uma mão humana diretamente escolhendo cada notícia, os algoritmos são desenhados para atender interesses comerciais — e interesses comerciais respondem a ideologias, investimentos e pressões externas.

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Ao pensar nisso, é inevitável perguntar: será que a verdade que chega até nós é uma verdade objetiva? Ou é uma versão da verdade filtrada, moldada, recortada?

A ideia de “grandes feudos tecnológicos” não é exagero. São plataformas com alcance global, capital financeiro descomunal, e cada vez mais influência sobre os rumos da democracia, da economia, da cultura. Elas controlam as janelas pelas quais enxergamos o mundo. E janelas podem emoldurar a paisagem, mas também podem distorcer ou esconder o que está do lado de fora.

Essa reflexão nos coloca diante de um dilema importante: como podemos confiar no que consumimos como verdade?
A resposta pode não ser simples, mas passa por diversificar fontes, desconfiar de certezas fáceis, buscar contato direto com a realidade sempre que possível, e cultivar senso crítico. Se o nosso posicionamento diante do mundo está baseado no que nos contam, precisamos aprender a perguntar: quem está contando? Por quê? E o que não está sendo contado.

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Hoje, eu escrevi esse texto não só baseado em estudos, mas também em experiências — experiências vivas, experiências com amigos familiares, experiências com pessoas do meu condomínio, experiências na minha academia de artes marciais, na Faculdade, na minha carreira. São pessoas que, muitas vezes, baseiam suas opiniões em coisas que não vivem, não vivenciam. Pessoas que veem internet, que formam convicções inteiras a partir de conteúdos vistos em sites jornalísticos, no Instagram, no WhatsApp. E isso me fez perceber o quanto nossa visão de mundo tem sido sequestrada por interpretações fabricadas, mastigadas, entregues de forma sedutora e veloz. O que me preocupa — e me motiva a escrever — é essa distância entre o que é vivido e o que é acreditado. Porque enquanto deixarmos que nos contem o mundo em vez de experimentá-lo, seguiremos apenas reagindo, e não escolhendo. Escrevo, então, para quem desperta.

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